quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Uma geração privilegiada

Somos uma geração privilegiada;



-Nosso amor está liberto. Informações são encontradas gratuitamente na internet e temos o direito de escolher qual delas amar mais.

Havia uma época em que fazer workshops e aulas com pessoas além da escola em que estudava era um crime contra a ordem e a moral. Nosso universo de pesquisa era restrito e quase fui "presa" inúmeras vezes.


-Não temos um único professor. Temos um mar de pessoas talentosas e inspiradoras que querem somar em nosso processo.

Não nos tapam os olhos para ver o belo em outros corpos, assim temos afinidades de estilo e proposta com outros artistas. Incorporamos seus códigos mesmo que nunca tenhamos feito uma única aula com "fulana", mas através de seus videos nos espelhamos na busca pela perfeição.


- A música que nos inspira pode ser gratuitamente adquirida através de um click. Mais que isso, "estranhos" anjos virtuais varrem a rede atrás de um simples pedido nosso.

Eu cheguei a ter várias fitas cassetes de música árabe, lembro de uma caixa na porta da Casa árabe com várias fitinhas em promoção e o meu desespero para achar aquela música preferida.


-Artistas de moda desenham nossos trajes. Traduzem com perfeição os detalhes em lantejoulas e vidrilhos que sonhamos, entregam no prazo e ainda por cima fazem manutenção do traje, caso necessário.

As minhas primeiras roupas de dança do ventre eram quase que improvisadas, vivia na costureira tentando ajustar para o meu gosto as peças prontas adquiridas na 25 de março ou na escola de dança. As bijoux e acessórios eram feitos por mim mesma, ou uma tia talentosa...



- Sabemos dar asas. Podemos estabelecer vínculo de amizade com nossas pupilas e aplaudir o seu crescimento e sucesso sem precisar se sentir vítima de uma situação, que deveria ser motivo de orgulho e não de tremor, sem desmerecer o próximo.

Ainda era amadora, mas quando fui convidada para ser capa de cd do Tony (vol. 21), minha prof na época perguntou para mim: e aí ele é bom de cama???????


- O conhecimento está ao nosso alcance. Faculdades de dança, cursos profissionalizantes, workshops, artistas internacionais constantemente em nosso país, cursos on line, dvs didáticos e etc... tudo isso é de fácil acesso, basta querer.

Quando comecei a dar aulas queria ter noção de anatomia, mas não achava nenhum curso em nossa área que abordava o tema (fora a faculdade), e me matriculei em um curso de massagem no SENAC só porque no conteúdo tinha aula sobre noções de anatomia.



Com tudo isso, temos sim muito que comemorar.
Com o tempo nossa arte ganhou mais vida e mais elementos colaborativos que alimentam nossa paixão, mas junto com eles, esta geração ganhou também a responsabilidade de dar continuidade ao respeito e aos belos caminhos por onde andamos agora.





6 comentários:

  1. Gostei muito deste post, ele é bastante útil para nos ajudar a reconhecer o quanto se pode crescer no meio da dança e o quanto o "não faço porque não tenho dinheiro" está cada vez mais no passado.

    Beijinhos, Aisha! :-***
    Giovana.

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  2. é, ainda bem que sou da nova geração...rs Mas tenho certeza que vc até sente uma saudadezinha de ficar procurando as músicas nas fitas...kkkk =)

    Beijinhos lindonaaaaaaa

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  3. Esse post é um incentivo pra muitas pessoas que acha que é difícil e impossível crescer na dança...
    De imaginar o quanto era difícil todas essas ferramentas de estudo que hoje graças a muitas facilidades temos.
    Internet, blogs, vídeos do youtube e por aí vai!
    Com muito estudo, humildade, companheirismo, determinação e um ego um pouco menos elevado, só não evolui na dança quem não quer!

    Agora, julgando pelo meu jeito... Se eu fosse da sua geração, estaria mortinha de saudades de revirar fitas a procura da minha música preferida. Nostálgica do jeito que sou!

    Beijos pra você! (Nem consegui dizer tchau no sábado... Adorei o Espetáculo Origens!!!)

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  4. Parece q qto mais temos, mais nos perdemos...

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  5. Muito interessante o que foi ressaltado, mas acho que ainda não estamos totalmente lá... ainda existe muita picuinha no meio da dança do ventre, falo mais em relação a fazer aulas com outras professoras, isto ainda nao é bem visto como poderia ser, faz parte do crescimento, da nossa identidade... infelizmente ainda há muita competição interna gerando e certos pudores sem noção.

    Sou apaixonada pela dança e tenho um blog que aborda sobre o assunto, visite! passoecontrapasso.blogspot.com

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  6. que bacana esse texto, me reconheci muitas vezes nele... e obrigada por linkar A Bailarina, é uma conquista nossa!!
    beijocas
    =]

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