Nada contra a verdade, só acho que ela tem hora para ser dita, dizer o que quer, e na a hora que quer pode não ser oportuno.
Mas a vida sempre me dá a oportunidade da resposta, tanto para as coisas que me incomodam quanto para aquilo que toca meu coração.
Faz tempo, tive a oportunidade de conversar com uma pessoa extremamente importante no meu processo de amor a dança, e hoje vou escrever sobre a mulher que despertou meu desejo de ser bailarina: minha primeira professora HAYAT EL HELWA.
Não cresci no meio da dança, fiz um pouquinho de ballet quando criança, mas logo troquei a disciplina das aulas pelas brincadeiras de infância. Minha mãe na semana passada me escreveu um e-mal lindo dizendo que gostaria de ter tido a percepção de que aquilo era realmente importante para mim, mas que na época não pode fazer esse exercício.
Assim, quando estava com 17 anos, numa viagem em família, vi uma moça dançar dança do ventre em uma noite de talentos. Amei, e um pouco depois vi uma plaquinha num poste do meu bairro que dizia: aulas de dança do ventre e o telefone x.
Fui então fazer uma aula experimental. Mas para minha surpresa quando entrei na casa, quase fiquei "vesga" com tanta coisa para me encantar. Eram luzes coloridinhas, almofadas, tecidos e incenso que deixava tudo em perfeita harmonia. Tudo isso em meio a mulheres com roupas de lantejoulas e totalmente dispostas a atingir o bem estar pessoal, me matriculei sem nem mesmo fazer a aula.
Essa era a Luxor, antes de qualquer pretensão de ser rede. Na próxima aula, com uma vergonha que não cabia em mim, esperava com as novas colegas a professora, e então ela entra na sala....LINDA, maquiada e trajada como uma parte da minha imaginação.
De fala suave e um perfume encantador a Hayat se preparava para as aulas como se fosse para um grande evento. .... e aqueles eram mesmo momentos inesquecíveis.
Dançávamos seguindo seus passos e não sei nem dizer o que aprendia de técnica, mas sei exatamente o que aprendi no quesito beleza e cuidado como outro ser humano.
Cada dia gostava mais de estar ao lado daquela figura, com seus textos sobre mulheres e com uma luz que emanava feminilidade por onde passava, a Hayat era o carisma em pessoa.
Adorava ser aluna e estava sempre no meio dos eventos, querendo participar e ao mesmo tempo morrendo de vergonha de tudo e de todos. Tenho tanta cena engraçada em minha mente, que caio na risada só de lembrar o quanto era boba.
Sem querer virei professora. Eu trabalhava na área de marketing de uma rede de perfumarias, e decidi sair, nesta hora recebi o convite da minha pro para trabalhar no escritório da Luxor.
Minhas funções eram basicamente o preparo das salas para as aulas, compras de material administrativo e auxílio na produção de eventos. Estive presente na organização do primeiro festival Internacional da Luxor cheguei a levar a Hadia (bailarina Canadense) para um forró em São Paulo.
Cumprindo minhas funções, um dia tive que apagar o incêndio de alunas que queriam por fogo nos colchonetes porque a professora delas faltava pela terceira vez consecutiva. Então, como boa "bombril" fui dar a aula no lugar dela, e daquele dia em diante não tive motivação para outra profissão, que não a de professora.
Viajei para os Estados Unidos para fazer cursos em sua companhia e participei do início de uma carreira que ganhou palcos internacionais no futuro.
A bailarina Aisha, nome dado pela Hayat, veio depois .....essa veio da busca por caminhos individuais, alheios as paredes da Luxor, em tempos em que tive que buscar sozinha novas motivações para não parar.
Nossa comunicação foi interrompida por longos anos, e os desafetos eram parte da imaturidade mas até hoje eu tenho como herança a beleza e a paixão de uma mulher que sabia como ser mulher e como despertar nossa feminilidade através da dança.
Acho que se não tivesse sido aquele ambiente e a presença da Hayat nos meus anseios de dança, não teria desbravado os mares da arte. E com muito carinho me lembro de seu esforço para nos proporcionar momentos de intensa felicidade na dança.
Com carinho, meu respeito e admiração pelo meus primeiros sentimentos de amor a dança do ventre: Hayat El Helwa.
Hayat, destaque na Conferência Internacional de Danças do Oriente Médio em 2000, Los Angeles - USA - eu estava na platéia, aplaudindo de pé.
Aishinha, assim como todas as mulheres que tiveram aulas com a Hayat sabem o amor que ela tem pelas alunas, pelas aulas... acho que a Hayat foi essencial para muitas bailarinas!
ResponderExcluirBeijos, Yayá
Yaya,
ResponderExcluireu tb penso assim.....pessoas que abrem caminhos para que nossa paixão seja viabilizada.
beijos
tive o prazer de fazer aulas com ela durante 1 ano....
ResponderExcluiré um encanto e naquela epoca me emperequetava toda... como se fosse o tal evento rs!
amei a experiencia de ter passado por lá!
beijos
Aisha! Mesmo depois de tantas idas e vindas o meu objetivo sempre foi e sempre será esse... o resgate da feminilidade e ensinar o prazer de ser mulher através da dança do ventre. Como é gostoso ver uma aluna feliz e realizada, plena em toda a sua feminilidade! Você sempre esteve no meu coração e estará, sabe disso... pois é uma das "poucas" que realmente aprendeu o verdadeiro significado de ensinar e dançar com amor! Ainda mais hoje em dia com a arte tão "banalizada" e "comercializada"! Estou indo morar fora do país, mas não me esquecerei de você!
ResponderExcluirLinda homenagem.
ResponderExcluirNossa primeira professora é crucial mesmo. Pode ser destrutiva ou inesquecível e marcante, como foi a sua.
Beijos