
5 Sentidos - Espetáculo Aluaha 2008, por Adelita Choffi
Quem diria que de um show beneficente em Mogi das Cruzes, eu iria firmar uma parceria tão duradoura com uma colega de trabalho?!?!
Foi assim que conheci a Mi, conhecidíssima Michelli Nahid.
Ela me convidou para fazer um show beneficente em 2001 e assim fui, não esperava receber por ele, pois achava que a proposta era justamente ir de coração, mas me surpreendi com o profissionalismo com que ela conduziu o evento, agradeceu a minha presença e me remunerou pela apresentação.
Depois desse dia não faltaram oportunidades para trabalharmos juntas. Dividimos muitos palcos, muitas situações inusitadas, compartilhamos muito de nossa vida pessoal e hoje, depois de quase 8 anos de parcerias constantes, tenho muito orgulho de te-la como amiga, e mais que isso eu sou uma grande admiradora do seu estilo peculiar de dançar e do seu profissionalismo.
Bom, depois dessa apresentação bem pessoal, vou escrever um pouco sobre as características que a elevam a um patamar muito importante em nosso ambiente artístico.
Educadora Física e bailarina clássica, Michelli é extremamente criteriosa quando o assunto é postura e alinhamento, seu olhar percorre o corpo da estudante dos pés a cabeça como um radar, sem exitar nas correções.
Seu foco de trabalho didático é ensinar a base da dança de maneira saudável, com atenção e calma para os movimentos mais puros da dança oriental, seus passos são tranqüilos e limpos, embora seus schimeis e marcações sejam de uma "potência" impressionante.
Suas alunas não podem ser daquelas que têm pressa de aprender e para isso pulam a etapa da repetição e correção. Ao contrário, elas sabem que a riqueza de se aprender a técnica da Michelli é justamente aproveitar os detalhes e ter a sabedoria de que repetir e repetir bem feito é a garantia do resultado de sucesso.
Como artista, encara qualquer show como se fosse o mais importante e assim veste o compromisso e profissionalismo com a performance de maneira exemplar. Sua dança tem referência nas raízes da cultura árabe, com passos e utilização de músicas que nos levam a uma época distante, onde bailarinas consagradas abriram caminhos e oportunidades para nossos estudos atuais.
Nada de modernismos, nenhum "tranquinho árabe", nenhum passo de jazz, pois as músicas de seu repertório pessoal são aquelas que sensibilizam os árabes, são tradicionais, são clássicas ou são solos, mas todas exaltam o contato que ela gosta de estabelecer com sua platéia. Aliás, ela é uma das poucas bailarinas da atualidade que dança praticamente dialogando com o público, e poucos são os momentos de pura introspecção.
Casada com um músico excepcional, ela fala a linguagem da bailarina e entende a linguagem dos músicos, e por isso faz uma ponte entre os dois universos traduzindo em lindos movimentos os sons dos instrumentos árabes.
Em seu corpo habita a técnica do mais belos schimies que já vi, com variações incríveis de intensidade, criatividade e controle. Vale muito a pena conhecer.....
Hoje minha homenagem é para essa bailarina tradicional que exerce com louvor a profissão de bailarina e não coloca essa paixão em segundo plano, muito menos se intimida com tendências modernas e novas "celebridades", mantendo firme seus estudos e sua crença na cultura árabe e na dança como profissão.
Segue um trechinho do seu trabalho, mas tem muito mais no youtube.